terça-feira, 24 de agosto de 2010

BIENAL DE SÃO PAULO - IMPRESSÕES

Domingo marcou o último dia da Bienal do Livro de São Paulo e, com o término do evento, sinto-me mais confortável para poder refletir e deixar aqui neste espaço algumas humildes opiniões sobre o evento como um todo.

Infelizmente, meu texto inicia-se com fortes críticas à organização da Bienal. Um evento de tamanho porte deve sempre se preparar para o pior cenário possível, ou seja, visualizar um número potencial grande de visitantes e criar estratégias de vazão para entrada e saída do local desejado de modo eficiente e eficaz. Pois bem, claramente isso não aconteceu. A maioria das pessoas interessadas no evento tiveram de ficar paradas no trânsito próximo à entrada do Pavilhão Anhembi por cerca de duas horas ou mais, sem qualquer instrução da CET ou da equipe da Bienal. Nesse tempo houve algo que me chamou a atenção - a presença do serviço "Valete" de estacionamento, na qual o visitante poderia pagar R$40 para ter seu carro estacionado em uma área VIP. Pois bem, se os organizadores viam o tumulto generalizado que corria solto, quem foram as infelizes cabeças acéfalas que disponibilizaram tal coisa? Mais uma vez me impressiona a incapacidade de se fazer um evento decente no Brasil. Os organizadores visam o lucro acima de tudo, sem qualquer consideração com as pessoas dispostas a participar de um evento tão culturalmente atrativo. Aliás, fica minha crítica também ao estacionamento regular do local, que ousou cobrar R$25,00 dos visitantes e ofereceu condições tão precárias de organização. Realmente lamentável.

Dentro do pavilhão as coisas seguiram bem. Os estandes das editoras apresentavam boas novidades e a presença ilustre de nomes como Ziraldo e Maurício de Sousa, que ajudaram a promover o evento. No estande da Editora Novo Século, tive o prazer de conversar com alguns leitores e tirar fotos junto aos demais escritores do selo Novos Talentos da Literatura Brasileira, uma experiência muito bacana. Conhecer os autores com quem só trocava figurinhas pela internet foi muito legal. Sobrou ainda um tempinho para gravar um vídeo de divulgação para Rede de Sonhos e, quando ele for ao ar, devo postá-lo por aqui - mesmo tendo a impressão de que pareci um baita de um mané.

Por fim, sob o ponto de vista de um visitante qualquer, a última coisa que lamento foi a ausência de promoções durante a maior parte do evento. Poucas editoras tiveram a audácia de oferecer descontos e preços mais acessíveis ao público, o que é no mínimo triste. Em alguns casos em particular, a falta de volumes de uma obra no estoque também foi de grande falta de planejamento. Se não tivesse prestigiado meus colegas comprando dois livros do selo Novos Talentos, teria saído da Bienal de mãos abanando. Fica aqui a dica para quem quer comprar livros mais barato - internet, filhão. Internet.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A MÁQUINA DO TEMPO


"Nature never appeals to intelligence until habit and instinct are useless. There is no intelligence where there is no change and no need of change."

O livro da vez é o clássico britânico A Máquina do Tempo, obra escrita por um dos maiores mestres da ficção científica de todos os tempos, Herbert George Wells.

Apesar de extremamente curta, a história narrada em A Máquina do Tempo supera e muito o tempo quando foi escrita, trazendo questionamentos e pensamentos visivelmente a frente da época em que foi publicada.

Na trama, somos apresentados ao Viajante do Tempo (Time Traveller), um cientista anônimo que clama ter inventado uma forma de viajar através da quarta dimensão - o tempo. Reunindo um grupo seleto de amigos, o Viajante narra as aventuras vividas por ele no ano de 802.701, período em que o planeta parece dividido entre duas raças de seres que parecem descender dos humanos - os Eloi, criaturas frágeis e ingênuas desprovidas de um intelecto sequer igual ao do protagonista, e os Morlock, seres instintivos que habitam o subterrâneo e aterrorizam as noites da superfície terrestre, chegando a se alimentar dos Eloi.

O conflito da história é apresentado logo no começo do livro, quando o Viajante do Tempo vai ao futuro e tem sua máquina roubada. Para poder recuperá-la e voltar para casa, é necessário que ele desvende alguns mistérios sobre o que pode haver acontecido com o planeta e o que são as formas de vida que o rodeiam.

A princípio, A Máquina do Tempo pode parecer uma obra sem muita complexidade, apenas renomada por ter criado oficialmente o conceito de um aparelho que nos fizesse viajar no tempo. Entretanto, as ideias de H.G. Wells sobre o progresso (ou regresso) humano são interessantíssimas, levando-nos a questionar se o futuro descrito realmente pode se concretizar. Dentre suas principais visões, aquela que pode chamar mais atenção é o fato de os Eloi não possuírem um elo familiar muito grande - afinal de contas, em um mundo sem violência ou opressão, a proteção de zelo de unidades familiares já não se faz mais necessária. Somada a isso ainda há a perda do intelecto humano em razão do conforto e da falta de necessidade de mudança, possível explicação para o baixo nível intelectual possuído pelos descendentes dos humanos naquele tempo.

A Máquina do Tempo é sem dúvida um livro atemporal, um marco para a literatura não só fictícia como geral. Fica aqui minha dica para vocês conhecerem essa grande obra o quanto antes!

Pens Up: 5/5

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

BIENAL DE SÃO PAULO

Hoje tem início mais uma Bienal do Livro de São Paulo, um dos maiores eventos do país dedicados ao mundo literário. Inúmeras editoras marcarão presença no pavilhão do Anhembi com seus belos estandes repletos dos mais variados títulos, além de algumas novidades, como não podia deixar de ser.

O evento se estende até o dia 22 de agosto, contando com uma programação muito especial para agradar até o mais crítico dos leitores. Nomes famosos como Juca Kfouri, Serginho Groisman e Mauricio de Sousa tornam o evento ainda mais atrativo, promovendo discussões e debates sobre tópicos como o cenário literário atual, os males que assombram os jovens contemporâneos e muitas outras coisas bem bacanas.

Quanto a este escritor iniciante que vos fala, fico muito grato em poder dizer que também farei parte do evento. Domingo, dia 15, às 15h, a Novo Século montará um painel relativo ao projeto Novos Talentos da Literatura Brasileira - ao qual Rede de Sonhos faz parte. Estarei por lá ao lado de outros colegas autores que, assim como eu, começam a ingressar no cenário literário de nosso país. Se você é curioso ou gostaria de prestigiar nosso trabalho, não deixe de comparecer!

Ah, dia 19 de agosto marca o lançamento do livro Vale dos Anjos, de Leandro Schulai, pelo selo Novos Talentos também. O evento ocorrerá a partir das 19h e aproveito esta oportunidade para desejar muito sucesso a ele!

sábado, 7 de agosto de 2010

CHRISTOPHER NOLAN E EU

Meia noite e trinta e seis. Começo a escrever este texto tentando digerir o que acabou de acontecer comigo e entender o que pode haver daqui para frente.

Há três horas eu ia ao cinema despretenciosamente. Estava prestes a ver mais um filme dirigido por Christopher Nolan (Batman - O Cavaleiro das Trevas), uma incrível produção cujo roteiro havia sido guardado a sete chaves até poucos meses atrás. Há meia hora saio do cinema extasiado e, até certo ponto, desnorteado. "A Origem" não só é um filmaço como apresenta um número absurdo de coincidências com um livro bem conhecido por mim - Rede de Sonhos.

Para quem não me conhece ainda, meu nome é Felipe Pan. No começo de 2008, mais especificamente em fevereiro, concluí o primeiro livro de minha autoria, uma obra infanto-juvenil chamada Rede de Sonhos. Depois de lutar bastante para conseguir que alguma editora se interessasse por minha obra, consegui firmar um contrato com a Editora Novo Século em outubro do mesmo ano. Dessa forma, Rede de Sonhos seria lançada em outubro de 2009. O lançamento atrasou um mês, mas aconteceu.

Rede de Sonhos narra a história de Arthur, um jovem de dezessete anos que ganha um Sonífero de aniversário - uma máquina capaz de conectar a mente das pessoas enquanto elas dormem e projetá-la em um mundo de sonhos muito similar ao nosso, onde há interação e compartilhamento de memórias. Entre o mundo de sonhos e o mundo real, há ainda o Limbo, uma espécie de vazio que divide os dois. Por acaso isso soa familiar?

Não vou me alongar muito hoje, só gostaria de dizer que "A Origem" possui inúmeros elementos muito parecidos com aqueles contidos em Rede de Sonhos. Não quero de jeito algum menosprezar o trabalho de Nolan ou coisa parecida - quem sou eu para competir com ele ou sonhar em fazer algo tão bom quanto ele? Só constato que há uma incomum presença daquele tal consciente coletivo entre as duas obras, já que ideias, termos e até mesmo nomes (vejam só, há um Arthur no filme) foram compartilhados. A pergunta é uma, então: como posso me comportar daqui em diante?

Bom, por hoje paro por aqui. Em breve darei mais detalhes sobre a trama de "A Origem" e uma visão maior do que há em jogo.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

CATS

"O que é um gato Jellicle?"

Domingo tive o privilégio de assistir a adaptação brasileira de uma dos musicais teatrais de maior longevidade e popularidade de todos os tempos - Cats, obra cujas canções originais foram arranjadas por ninguém menos que Andrew Lloyd Webber, o gênio por trás de Fantasma da Ópera, Sunset Boulevard e tantas outras peças de renome.

O espetáculo Cats teve origem em Londres, em 1981, e foi criado a partir da coletânea de poemas Old Possum's Book of Practical Cats, do poeta norte-americano T.S. Eliot. Seguindo o sucesso estrondoso da peça, ela logo dirigiu-se à Nova York, iluminando a Broadway com seu carismo e encanto únicos. Diversas estrelas do teatro como Elaine Paige, Sir John Mills e Betty Buckley já fizeram parte dos diversos elencos que o musical já teve - afinal de contas, Cats esteve em cartaz por quase 20 anos!

Para os que se perguntam qual é o tema cantado na peça, aqui vai um resumão: o enredo aborda um grupo de gatos que se denomina Jellicle Cats. É chegada a reunião anual entre os Jellicles para saber qual gato terá a chance de renascer para uma nova vida Jellicle e, por conta disso, as canções servem para apresentar os principais felinos do grupo. Com nomes peculiarmente estranhos, personalidades marcantes e um baita vozeirão, os gatos se apresentam enquanto o velho Deutoronomy espera fazer a escolha do gato que deverá renascer.

No elenco brasileiro, ficou a cargo de Saulo Vansconcelos (O Fantasma da Ópera) representar o velho Deutoronomy, enquanto a participante do programa Ídolos Paula Lima ficou com o papel de Grizabella. Posso dizer de boca cheia que o espetáculo é muito bem adaptado, tanto em termos de cenário e figurino como em atuação por parte do elenco. Cats vive de expressão corporal e mescla movimentos ariscos com deslizes graciosos, remetendo à essência misteriosamente intrigante dos gatos em si. A trilha sonora, adaptada ao portugês por Toquinho, também faz bonito. Todos sabemos que a sensibilidade musical do compositor paulista é incrível, o que resultou em versões que não devem quase nada às originais. De qualquer modo, sobra até um tempinho durante o intervalo da peça para os espectadores subirem ao palco e ganharem um atógrafo de Saulo Vasconcelos!

Cats fica em cartaz até o dia 19 de setembro, agora a preço reduzido. Se você gosta de musicais e reside em São Paulo (ou mesmo está de passagem), vá correndo ao teatro Abril para prestigiar esse incrível espetáculo que conquistou o mundo tantas vezes.