quarta-feira, 14 de julho de 2010

TENTO ENTENDER - FOSSA

Hoje estreio aqui no Blog um bloco novo, Tento Entender. Ao contrário da maioria de meus posts, os que pertencem a essa categoria não tratam diretamente de entretenimento, mas sim de coisas mundanas, triviais ou especiais que merecem ser debatidas. Eis então nosso primeiro assunto: fossa.

Fossa nada mais é do que aquele estado de depressão temporário (que às vezes parece eterno) em que não queremos fazer nada, não vemos sentido em nada. O mundo parece um lugar escuro, todos estão contra nós e há uma grande conspiração contra sua felicidade. Você tenta escapar ao ir correr no parque, ouvir música, ir ao cinema, mas aonde quer que vá, essa sombra o persegue implacavelmente, tornando-o uma pessoa volúvel e emocionalmente instável, capaz de gargalhar alto em um minuto e chorar como um bebê logo depois.

Mas por que ela existe? Não seria mais fácil estarmos bem o tempo inteiro?

A vida é cheia de problemas. Qualquer situação que cause um certo tumulto na vida afetiva, profissional ou amorosa de uma pessoa tem sempre um fator exponencial de contaminar as outras áreas. Você tenta lutar, falar a si mesmo que está tudo bem, mas isso não é o bastante. As outras pessoas ressaltam suas qualidades, seus feitos e seu potencial, mas esse consolo, embora reconfortante, não é capaz de amenizar muito de seu sofrimento. Sua cabeça trabalha a mil, inúmeras realidades paralelas formam-se em sua mente e você pensa em fugir. Sim, fugir! A solução para tudo! Ou será que não?

O modo como você encara a fossa é o que determina o que eu chamo de PCP (Padrão de Crescimento Pessoal). Pareço até um psicólogo inventando siglas, né? Bem, encarar a fossa frente a frente é para poucos, superá-la é doído e difícil. No entanto, ao final de tudo, seu PCP encontra-se em um estado alto, que possibilita a calmaria. Você se sente uma pessoa forte uma vez mais, talvez mais do que anteriormente. As coisas voltam a ter cores, tudo se encaixa novamente. Você pode ser pleno.

Se sua solução é fugir, seu PCP torna-se nulo. Sim, você tem um prazer momentâneo ao abandonar tudo e todos, um alívio gostoso de se sentir. O problema é depois. São poucos os que conseguem fugir para sempre. Uma hora ou outra o mundo irá puxá-lo de volta ao seu canto, e seu sofrimento será maior porque você ainda não aprendeu nada.

Não há uma fórmula mágica para aliviar a dor ou a preocupação. O tempo ajuda, é claro, mas nossa ansiedade vai contra ele, o que gera mais um conflito ao mar de problemas que já temos. Apesar de tudo isso, a fossa precisa ser vivenciada. Curtida não, vivenciada sim. Só ela nos traz bagagem o suficiente para lidar com nossos problemas ou mesmo ajudar uma pessoa importante para nós que passa por isso.

Distraia-se, inove, deposite suas aflições sobre ombros amigos. Isso diminui o grande peso que o mantém prisioneiro do sofrimento. Aceite novas ideias e, por mais que seja tentador, não seja masoquista. Não insista onde não há solução, em alguém que não o quer, em algo que não lhe traz prazer. Não seja levado pela onda do desespero. Agir por impulso e alterar simplesmente tudo a sua volta tem uma grande possibilidade de ser um erro difícil de reparar depois. Tente consertar as coisas uma a uma. É bem possível que logo que corrigir a primeira e mais incômoda de todas, as outras não se mostrem tão ruins assim.

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